Estadão online, 13.04.2013.
Sete entre cada dez brasileiros que ganham menos de R$ 1 mil por mês
bebem de forma abusiva. O consumo, que já era bastante expressivo,
aumentou muito nessa parcela da população nos últimos seis anos, segundo
o Levantamento Nacional de Álcool, feito pela Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp).
“O fenômeno neutraliza benefícios da melhoria de renda e ajuda a
perpetuar o ciclo de baixa qualidade de vida”, avalia o coordenador do
trabalho, Ronaldo Laranjeira, da Unifesp.
O levantamento mostra que, quanto menor a renda, maior o consumo
excessivo de álcool. Na classe E, 71% bebem de forma exagerada; na C o
índice é de 60%, na B de 56% e na A de 45%. A lógica se repete quando se
analisa o crescimento do consumo excessivo entre os diferentes grupos
sociais. Quanto menor a renda, maior o aumento no período avaliado, de
20006 a 2012.
O estudo foi feito com base em dados de 4.607 pessoas com mais de 14 anos, coletados em 149 municípios.
Para homens, é considerado beber de forma abusiva o consumo de ao menos
cinco doses de bebida em um período de duas horas. Entre mulheres, a
relação é de quatro doses em duas horas. Uma dose equivale a uma lata de
cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de pinga.
Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular,
especializado em pesquisas de consumo nas classes C e D, a melhora do
padrão de vida promove a diversificação de compras de produtos
industrializados. E, assim, o álcool vem ganhando espaço. O Data Popular
observou dois movimentos que evidenciam a melhoria da renda, que se
destacam no Nordeste: “Quem começa a ganhar mais dinheiro na classe C
passa a comprar destilados como uísque e vodka, enquanto as classes D e E
mudam da pinga para a cerveja”.
Meu comentário:
Embora o estudo mostre que o consumo abusivo de álcool seja mais prevalente entre as pessoas de renda menor, o problema das bebidas alcoólicas é uma realidade muito mais ampla que países como o Brasil ainda insistem em não enfrentar.
Embora o estudo mostre que o consumo abusivo de álcool seja mais prevalente entre as pessoas de renda menor, o problema das bebidas alcoólicas é uma realidade muito mais ampla que países como o Brasil ainda insistem em não enfrentar.
Concordo que devam haver campanhas de conscientização quanto aos
malefícios de drogas como crack (com alto poder de destruição ou
destruição mais rápida do ser humano), mas o álcool não é combatido com
veemência, o que é um erro estratégico. O álcool é usado habitualmente
por adolescentes e jovens brasileiros com efeitos a médio e longo prazo
extremamente ruins.
As únicas campanhas estão restritas ao uso do álcool vinculado à
prática de dirigir, ou seja, a preocupação maior governamental parece
ser a de que as pessoas apenas não dirijam sob efeito de álcool.
Quando leio pesquisas como essas, vejo que a preocupação oficial é
muito pequena perto do contexto maior de danos comprovados pelo uso do
álcool em maior ou menor quantidade.
Na própria Bíblia, grande parte dos personagens bíblicos envolvidos
com ingestão de álcool são mencionados em circunstâncias desfavoráveis.
Foi o caso de Noé, cuja embriaguez desencadeou a maldição de um dos
filhos, Ló e sua relação promíscua com as filhas após ficar bêbado, além
de um rei de Israel antigo chamado Elá (que bebeu e foi assassinado por
um de seus oficiais que tomou seu lugar) e mesmo o déspota babilônico
Belsazar que, em meio a uma orgia com embriaguez com milhares, viu o
aviso divino de que seu reino seria destruído por outros impérios.
É por essa e outras razões que cristãos fundamentados na Bíblia
Sagrada não apoiam o uso de qualquer quantidade de álcool, muito menos
por pobres ou jovens e crianças.
Falta, sim, uma campanha corajosa e contundente que tire as bebidas
alcoólicas dos supermercados e das lojas frequentadas por grande parte
dos consumidores especialmente os mais novos e que conscientize a
população de que há muito mais malefícios do que benefícios em se
ingerir álcool.
Mas a luta é contra grandes corporações que investem milhões de
dólares nas próprias ações dos governos e que não têm qualquer receio de
que grande parte da população seja consumidora de bebidas alcoólicas.
Ganham dinheiro fácil, colocam uma parte em mídia, em eventos sociais e
isso lhes garante mais consumidores e o ciclo não acaba.
Enquanto uma conscientização governamental não surgir, cada pessoa
precisa ter consciência de que sua família não necessita desse vilão
aceito pela sociedade, mas que só prejudica.
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