Texto de autoria de Camila Gadelha, psicóloga formada pela UFAM – atualmente, fazendo especialização em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia Fenomenológica Existencial do Rio de Janeiro, tendo o autismo como objeto de estudo.O dia 18 de junho é marcado pelo dia mundial do orgulho autista. Esse dia foi criado no ano de 2005, pela organização americana, Aspies for Freedom. No Brasil, especificamente em Brasília, um grupo de pais, familiares e amigos de pessoas com autismo, aderiu ao movimento, e desde então o dia tem se tornado mais popular no país a cada ano.
Mas, por que comemorar o dia do orgulho autista? Como é possível alguém ter orgulho de algo que limita a pessoa? Bom, em inglês, o dia 18 de junho se chama “autistic pride”, que, traduzindo livremente significaria se aceitar como se é. No Brasil se preferiu a palavra orgulho, e por isso a confusão.
Para aqueles que não sabem, o Transtorno de Espectro Autista não tem cura. Muitas pesquisas têm sido feitas, mas a causa do autismo e sua cura ainda são desconhecidas. Por isso, quem é diagnosticado com o transtorno tem que conviver com ele por toda a sua vida.
Sim, existe uma série de tratamentos e técnicas que tentam minimizar, e até mesmo acabar com os sintomas, mas, novamente, é mais provável que hoje, a pessoas com espectro autista, permaneça no espectro, pois, no autismo não há uma receita pronta.
Há uma diversidade muito grande do que se vê como autismo, isto porque nenhum autista será igual ao outro. As mesmas características que servem para se montar o diagnóstico são as que diferenciam um autista do outro.
O diagnóstico é importante para a pessoa que tem autismo, não na forma de taxação, e sim na forma de como se conduzir o melhor tratamento para cada pessoa, já que apesar das características centrais, nenhum autista será igual ao outro.
Porém, muito além do diagnóstico, o dia 18 de junho vem para mostrar que tem uma pessoa ali, que vai muito além do autismo. Pois, a palavra autismo vem sempre muito carregada de preconceito e concepções que muitas vezes não condizem com a realidade e o dia do orgulho autista vem nos lembrar, como sociedade, que somo todos iguais com nossas diferenças e que precisamos incluir os autistas na sociedade também.
O autismo em si não é algo que deixe ninguém orgulhoso, mas sentimos orgulho dos pais que tentam dar uma condição de vida melhor para seus filhos. Dos grupos que se unem em prol da causa, dos autistas que lutam todos os dias contra suas limitações e ainda tem que lutar contra o preconceito de nossa sociedade.
Por fim, o dia mundial do orgulho autista é para conhecermos as diversas faces do autismo: a que não consegue falar, a que não conseguiu aprender a ler, a que não consegue interagir, a que se irrita com barulhos, a que não se sente a vontade com estranhos, a que pela primeira vez brincou com os pais, a que consegue ficar na escola regular, enfim, ter orgulho de não esconder que o autismo é algo difícil de lidar, mas que não define quem a pessoa é. O que precisamos é aceita-las em suas limitações e conhecer mais sobre o assunto.
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